Câmara aprova projeto que limita juros do rotativo do cartão

Votação simbólica aconteceu na Câmara dos Deputados nesta semana.

Publicado em 28/09/2023 por Rodrigo Duarte.

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O primeiro passo para limitar os altos juros do rotativo do cartão de crédito foi dado nesta semana, a partir de uma votação feita na Câmara dos Deputados. A partir de uma votação simbólica foi aprovado um projeto de lei que terá como principal objetivo estabelecer um teto para a cobrança das taxas que, atualmente, são consideradas como uma das mais altas dentre as linhas de crédito disponíveis para os consumidores brasileiros.

Câmara aprova projeto que limita juros do rotativo do cartão

De acordo com o texto que foi aprovado, a proposta inicial é que os juros máximos que poderiam ser cobrados pelos bancos seriam de 100%, o que daria o dobro da dívida inicial. Mas o texto também afirma que essa proposta só terá validade a partir do momento que as entidades bancárias não apresentarem uma proposta em até 90 dias.

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A proposta do setor deve ser apresentada pelos bancos, representados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Banco Central e o Conselho Monetário Nacional (CMN). Caso nenhuma sugestão seja apresentada no período estipulado, a modulação de como o juro máximo seria aplicado mês a mês será definida pelo CMN. O projeto de lei não detalha a aplicação.

“Os emissores de cartão de crédito, como medida de autorregulação, devem submeter à aprovação do Conselho Monetário Nacional, por intermédio do Banco Central do Brasil, limites para os juros e encargos financeiros cobrados sobre o saldo devedor da fatura de cartão de crédito nas modalidades de crédito rotativo e de crédito parcelado. Se os limites referidos no caput deste artigo não forem aprovados no prazo máximo de 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei, o total cobrado a título de juros e encargos financeiros cobrados não poderá exceder o valor original da dívida”, afirma o relatório.

Na proposta ainda existe uma menção que abre a possibilidade do cliente fazer a portabilidade da dívida do cartão de crédito para outras instituições, em uma movimentação que deve ser gratuita para os clientes. A operação seria muito parecida com o que já pode ser feito atualmente com outras dívidas, como empréstimos e financiamentos.

Juros batem novo recorde

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A taxa de juros que são cobrados, em média, para o rotativo do cartão de crédito, atingiu mais uma marca histórica. De acordo com o Banco Central, a média dos juros que os emissores dos cartões estão cobrando dos clientes que acabam entrando no rotativo do cheque especial subiu para 445,7% ao ano, até o mês de agosto. Em julho, estava em 441,3%.

Seguindo as medições que estão sendo feitas ao longo do Banco Central, desde o mês de dezembro do ano passado a média dos juros que estão sendo cobrados no rotativo do cartão fica acima dos 400% ao ano. Na série histórica, desde 2011, as taxas mais baixas nesse parâmetro estão no entorno 200%.

Já quando levado em consideração os juros cobrados no cartão de crédito, levando em consideração todas as modalidades, possui uma média de 101,5% ao ano, até agosto, leve redução em relação a julho (101,9%). O recorde desta média foi de 123% em setembro de 2016, a partir de uma série histórica que começou a ser medida a partir do ano de 2011.

Fim do parcelamento sem juros

As instituições financeiras, através dos seus representantes, já afirmam em determinados momentos que a imposição de limite para a cobrança de juros seria o fim do modelo de negócios que permite com que o cartão de crédito de fato exista e funcione. Os bancos ainda não apresentaram uma proposta específica, mas já existem algumas propostas que foram mencionadas pelos bancos.

Uma delas seria terminar com os parcelamentos feitos pelos cartões de crédito sem a cobrança de juros para os clientes. O acúmulo de parcelas acaba sendo um dos principais fatores de risco para que o cliente não consiga pagar a fatura do cartão em um determinado momento.

Uma pesquisa feita pelo instituto Locomotiva indica que 67% da população brasileira é contra o fim da medida que deve terminar com o parcelamento sem juros no cartão de crédito. Este número ainda é maior quando levados em consideração apenas os usuários dos cartões de crédito, chegando em 77% da categoria.

Além disso, 78% dos entrevistados indicaram que comprariam menos se não pudessem parcelar sem juros, os principais afetados seriam itens de maior custo como eletrodomésticos, eletroeletrônicos, hospedagens, educação, cursos e passagens aéreas.

ESCRITO POR: Rodrigo Duarte - Jornalista formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com especialização em Marketing Digital.