Preço do Ozempic em 2025: Por que é tão caro e quando vai ficar mais barato?

Descubra por que o Ozempic tem um preço tão elevado, quanto custa atualmente no Brasil e quando podemos esperar uma redução nos valores. Entenda a polêmica dos preços e as expectativas para o futuro do medicamento.

Publicado em 26/01/2025 por Rodrigo Duarte.

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O Ozempic tem gerado intensos debates no cenário farmacêutico mundial devido aos seus preços elevados. A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, responsável pela produção do medicamento, tem enfrentado críticas significativas relacionadas à política de preços adotada. Uma pesquisa recente realizada pela Organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) revelou que os preços praticados podem chegar a ser até 200 vezes maiores que o custo necessário para sua produção, gerando questionamentos sobre a acessibilidade do tratamento.

No mercado brasileiro, o preço do Ozempic atinge aproximadamente R$ 1.200, enquanto nos Estados Unidos, o valor mensal do tratamento pode ultrapassar US$ 353. Esta disparidade entre o custo de produção e o preço final tem levantado debates importantes sobre a acessibilidade a tratamentos essenciais para diabetes e obesidade, especialmente em países de baixa e média renda.

Preço do Ozempic em 2025: Por que é tão caro e quando vai ficar mais barato?
Créditos: Divulgação

O Impacto Financeiro e os Lucros da Novo Nordisk

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A Novo Nordisk tem registrado números impressionantes em termos de lucratividade. No terceiro trimestre de 2023, a empresa reportou um aumento de 21% em seu lucro líquido, atingindo aproximadamente US$ 3,93 bilhões. As receitas combinadas do Ozempic e Wegovy já alcançaram cerca de US$ 50 bilhões até o segundo trimestre de 2024, com projeções de atingir US$ 65 bilhões até o final do ano.

Estes números expressivos têm gerado discussões sobre a justificativa dos altos preços praticados, especialmente considerando que o investimento total em pesquisa e desenvolvimento desde a década de 1990 foi de aproximadamente US$ 68 bilhões. A empresa argumenta que os preços elevados são necessários para financiar o desenvolvimento de novos medicamentos, tendo investido mais de US$ 10 bilhões ao longo de três décadas apenas para desenvolver estas terapias específicas.

Perspectivas de Redução de Preço e Quebra de Patente

Uma luz no fim do túnel para os consumidores é a proximidade do vencimento da patente do Ozempic. No Brasil, a patente da molécula semaglutida está válida até março de 2026, após uma decisão do Supremo Tribunal Federal que reduziu o período inicialmente previsto. Esta mudança pode representar uma redução significativa nos preços, com estimativas apontando para uma queda de até 35% nos valores atuais.

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A entrada de versões genéricas no mercado após a quebra da patente é vista como um fator crucial para aumentar a acessibilidade ao tratamento. Especialistas estimam que o preço do medicamento poderá cair para cerca de R$ 1.500, tornando-o mais acessível para uma parcela maior da população que necessita do tratamento.

Comparação de Preços em Diferentes Mercados

A disparidade de preços do Ozempic entre diferentes países é notável. Enquanto o medicamento poderia ser comercializado com lucro por aproximadamente US$ 0,89 por mês, segundo a MSF, os preços praticados variam significativamente: US$ 95 no Brasil, US$ 115 na África do Sul, US$ 230 na Letônia e US$ 353 nos Estados Unidos. Esta variação demonstra como as políticas de precificação podem impactar diretamente o acesso ao tratamento em diferentes regiões.

No Brasil, além do Ozempic, outros medicamentos similares também apresentam preços elevados. O Wegovy, por exemplo, chega a custar R$ 2.300, enquanto o Mounjaro, da Eli Lilly, tem preço máximo previsto de R$ 3.952,37, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

O Futuro do Mercado e as Expectativas para os Consumidores

O cenário futuro do mercado de medicamentos para diabetes e obesidade apresenta perspectivas promissoras para os consumidores. A entrada de novos players no mercado e o desenvolvimento de alternativas terapêuticas podem contribuir para uma maior competitividade e, consequentemente, preços mais acessíveis. A endocrinologista Tarissa Petry, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, demonstra otimismo com o surgimento de novas medicações produzidas por diferentes laboratórios.

A expectativa é que, com a quebra da patente e a entrada de versões genéricas, o acesso ao tratamento seja ampliado, beneficiando um número maior de pacientes. Além dos benefícios diretos relacionados à perda de peso e melhora metabólica, a maior acessibilidade a estes medicamentos pode impactar positivamente a saúde pública, reduzindo riscos cardiovasculares e custos associados ao tratamento de comorbidades.

Regulamentação e Controle de Preços no Brasil

O controle de preços de medicamentos no Brasil é realizado pela CMED, que estabelece preços máximos para comercialização. No caso do Ozempic, o valor máximo estabelecido considera diversos fatores, incluindo impostos estaduais e margens de comercialização. A vice-presidente da área médica da Novo Nordisk no Brasil, Priscilla Mattar, ressalta que os preços praticados podem variar conforme o ponto de venda.

Investimentos em Capacidade Produtiva e Desenvolvimento

A Novo Nordisk tem realizado investimentos significativos para expandir sua capacidade de produção, tendo destinado mais de US$ 30 bilhões desde 2024 para este fim. Este movimento reflete o crescimento expressivo da demanda global por medicamentos como Ozempic e Wegovy, mas também levanta questões sobre a relação entre os investimentos realizados e os preços praticados no mercado.

Os desafios de acesso ao tratamento persistem, especialmente em países de menor renda, onde a diferença entre o custo de produção e o preço final é mais acentuada. A questão do acesso a medicamentos essenciais continua sendo um tema central nas discussões sobre políticas de saúde pública e regulação do mercado farmacêutico.

ESCRITO POR: Rodrigo Duarte - Jornalista formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com especialização em Marketing Digital.