CRI ou LCI: Qual a melhor 0pção de investimento com taxa Selic em alta?

Descubra as diferenças entre CRI e LCI, entenda as vantagens de cada opção e saiba qual escolher em cenário de juros elevados para maximizar seus rendimentos com segurança.

Publicado em 09/03/2025 por Rodrigo Duarte.

Anúncios

Com a taxa básica de juros da economia brasileira em trajetória de alta e a expectativa de que a Selic alcance patamares próximos a 15% ao ano, os investimentos em renda fixa tornaram-se o centro das atenções. Dentro desse universo, dois produtos se destacam por financiarem o mercado imobiliário: o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e a Letra de Crédito Imobiliário (LCI).

Apesar de ambos financiarem o setor imobiliário, existem diferenças cruciais entre eles. O CRI é emitido por securitizadoras, empresas que adquirem dívidas de outras companhias e as transformam em títulos financeiros. Já a LCI tem como emissores os bancos comerciais, o que naturalmente implica em diferentes níveis de risco e retorno para o investidor.

Anúncios

O Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou a intenção de elevar a taxa Selic em mais um ponto percentual, passando dos atuais 13,25% para 14,25%. Projeções de instituições como o Itaú indicam que o ciclo de alta só deve se encerrar quando a taxa atingir aproximadamente 15,75% ao ano, cenário que influencia diretamente a atratividade desses investimentos.

CRI ou LCI: Qual a melhor 0pção de investimento com taxa Selic em alta?
Créditos: Redação

Segurança e garantias: o que cada investimento oferece

Um dos principais diferenciais da LCI é contar com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre valores de até R$ 250 mil por emissor em caso de inadimplência. Esse mecanismo adiciona uma camada extra de segurança, especialmente relevante em momentos de incerteza econômica. Além disso, a LCI apresenta uma liquidez mais favorável, com prazo de vencimento de aproximadamente 9 meses.

Em contrapartida, o CRI não possui a cobertura do FGC, mas frequentemente oferece garantias reais, como imóveis ou recebíveis, que podem ser executadas em situações de inadimplência. O prazo de retorno do CRI é consideravelmente mais longo, variando entre 2 e 15 anos, o que exige do investidor um compromisso de mais longo prazo com o investimento.

Anúncios

"O CRI, por sua vez, não possui FGC, mas pode contar com garantias reais (imóveis ou recebíveis), que podem ser executadas em caso de inadimplência", explica Lucas Cordeiro, diretor de produtos do PeerBr, destacando uma das principais diferenças entre os investimentos.

Qual a melhor opção no atual cenário econômico?

Segundo Maria Luisa Paolantoni, analista de renda fixa da Nord Investimentos, as Letras de Crédito Imobiliário surgem como opção mais indicada no contexto atual. "Isso porque hoje a LCI não tem um risco de crédito tão elevado que cause desconforto ao investidor", argumenta a especialista. O risco de um calote por parte do emissor da LCI é significativamente menor do que o de um emissor de CRI, considerando que são instituições bancárias que estão por trás das Letras.

Outro ponto destacado pela especialista refere-se ao fechamento do spread de crédito dos CRIs, fenômeno observado desde o segundo semestre de 2023. "O quanto aquele título remunera acima de um título público, que é considerado o menor risco da renda fixa. Essa remuneração do CRI, portanto, está cada vez menor e mais apertada", esclarece Paolantoni.

Por outro lado, Lucas Cordeiro e Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP, ressaltam que não existe uma resposta definitiva sobre qual seria a melhor opção. "Tudo depende do perfil do investidor e seus objetivos. Para quem busca segurança e liquidez, a LCI pode ser mais adequada. Já para quem tolera mais risco em busca de retornos acima da média, o CRI se mostra atraente", explica Cordeiro.

A vantagem dos títulos pós-fixados em tempos de Selic elevada

Em um ambiente de taxa Selic em alta, tanto as LCIs quanto os CRIs com indexação pós-fixada ganham destaque. Isso ocorre porque esses investimentos acompanham a trajetória ascendente dos juros, proporcionando rendimentos mais atraentes. Somado a isso, ambos contam com a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que amplifica seu potencial de rentabilidade líquida.

Para os investidores interessados especificamente em CRIs, Lucas Cordeiro enfatiza a importância de avaliar criteriosamente a saúde financeira do emissor e a solidez dos devedores. "Os CRIs que contam com garantias adicionais, como imóveis e recebíveis, oferecem maior segurança ao investidor", pontua o especialista da PeerBr.

É fundamental monitorar continuamente o mercado, especialmente em períodos de volatilidade econômica. O comportamento da inflação e as decisões do Banco Central sobre a taxa básica de juros influenciam diretamente o desempenho desses investimentos e podem alterar sua atratividade ao longo do tempo.

Fatores determinantes na escolha entre CRI e LCI

Antes de tomar uma decisão, o investidor deve considerar diversos fatores que impactam diretamente o desempenho e a segurança de cada opção. Entender as características específicas de cada produto é essencial para fazer uma escolha alinhada com seus objetivos financeiros.

O risco de crédito é um dos principais pontos a se analisar. Enquanto as LCIs são emitidas por bancos e cobertas pelo FGC até o limite de R$ 250 mil por emissor, os CRIs não contam com essa proteção, mas geralmente oferecem taxas mais elevadas como compensação pelo risco adicional e podem incluir garantias reais.

A liquidez também merece atenção especial. Tanto LCIs quanto CRIs possuem prazos preestabelecidos e não oferecem a possibilidade de resgate automático antes do vencimento. As Letras de Crédito têm prazo médio de 9 meses, enquanto os Certificados de Recebíveis apresentam prazos que variam de 2 a 15 anos.

  • Verifique sempre a qualidade do emissor antes de investir, seja em CRIs ou LCIs
  • Avalie seu horizonte de investimento e necessidade de liquidez
  • Considere a isenção de IR como um diferencial importante para sua rentabilidade líquida
  • Em cenário de Selic alta, priorize títulos pós-fixados

Estratégias para maximizar rendimentos com segurança

Uma estratégia equilibrada pode envolver a diversificação entre CRIs e LCIs, aproveitando as vantagens de cada produto. Para investidores com perfil mais conservador, as LCIs emitidas por grandes bancos oferecem segurança e previsibilidade, com o benefício adicional da proteção do FGC e isenção de Imposto de Renda.

Já para aqueles com maior tolerância a risco e horizonte de investimento mais longo, os CRIs podem representar uma oportunidade de ampliar a rentabilidade da carteira. Nesse caso, é essencial analisar detalhadamente a qualidade do emissor, as garantias oferecidas e o histórico de pagamentos.

Em um cenário de inflação e juros elevados, os títulos pós-fixados, tanto CRIs quanto LCIs, emergem como opções preferenciais. Eles permitem ao investidor capturar os benefícios do aumento da taxa Selic, protegendo a rentabilidade real do investimento contra a corrosão inflacionária.

Características CRI LCI
Emissor Securitizadoras Bancos
Proteção FGC Não Sim (até R$ 250 mil por CPF/emissor)
Prazo 2 a 15 anos 9 meses
Imposto de Renda Isento para PF Isento para PF
Liquidez Baixa Média

Independentemente da escolha, o acompanhamento constante da conjuntura econômica é fundamental para ajustar a estratégia quando necessário. Em um ambiente de volatilidade, estar bem informado é a melhor ferramenta para proteger e fazer crescer seu patrimônio.

ESCRITO POR: Rodrigo Duarte - Jornalista formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com especialização em Marketing Digital.